sábado, 13 de fevereiro de 2010

Caixa de Pandora

Caixa de e-mail é quase uma caixa de Pandora, hoje eu estava vasculhando algumas caixas de e-mails meus, tenho pelo menos umas 4, que mal uso, sei nem por que as criei, mas enfim, eu queria apenas achar a minha senha da CAPES, e tava fazendo uma verdadeira operação pente fino quando encontrei uma das minhas cartas bombas, extremamente radiativa, dolorida, corrosiva, sincera, foi como se de repente eu tivesse entrado por um corredor muito longo e sombrio que lá no fim , lá no fim, abrigasse um enorme espelho no qual pude me ver por inteira.
Palavras claras, orações diretas, afirmações precisas, elencando certezas, sem nenhuma dúvida, sem nenhum receio, pontuada por mágoas, mágoas, que transcorrido algum tempo, eu já não enxergava... Mas, sei que ainda estão lá, silenciosas, me assombrando.
É incrível como eu consigo me impressionar com a intensidade das coisas que eu sinto, mas, o mais estranho é perceber como consigo me distanciar delas com o meu silêncio tão respeitoso, uma orbe nebulosa, onde escondo os meus enganos, meu olhar apaixonado pelas pessoas que amo, pelas idéias que defendo, pelas coisas em que acredito, até que me provem ao contrário, evidenciando o meu desvelo, meu lamentável erro.
Deixei a carta lá, esperando o meu próximo esquecimento, li pelo menos umas duas vezes, para reconhecer a dor e a tristeza contida naquelas palavras. Ao contrário do que esperava, não fiquei indiferente, pude até constatar um vazio qualquer, uma tristeza, sem culpas, sem remorsos, sem o meu olhar tão tolo e iluminado por carências e fantasias. Uma tristeza em perceber que aquela Waleska que escreveu há tempos atrás aquela carta já não existe, bem como essa que eu sei, vai esquecer lentamente isso tudo, e, desavisadamente, vai abrir, num dia qualquer, a mesma caixa de Pandora novamente. Um brinde ao ESQUECIMENTO!