terça-feira, 13 de dezembro de 2011

GUERRILHA


RECOLHENDO AS ARMAS E A CAVALARIA,

VOLTANDO PARA O FRONTE,

DE ONDE EU NÃO DEVIA

TER SAÍDO POR NADA, NEM POR NINGUÉM!

ALINHANDO O EXÉRCITO,

DEBANDANDO A GUERRILHA,

ABANDONANDO AS MEDALHAS

E AS ARMADILHAS,

ENTREGANDO A LUTA, SEM SABER A QUEM!

E NO FINAL, MESMO SEM RECOMPENSA,

SEM NENHUMA CONQUISTA,

ALGO QUE COMPENSA É TER LUTADO SÓ,

MESMO SER TER VENCIDO...

POIS SEMPRE FICA ALGO DAQUILO QUE SE PERDE!

E UM DESEJO TORPE QUE NÃO É SACIADO,

RETORNA MAIS FORTE E MAIS ENLOUQUECIDO!!!

(...)Simples assim!


Waleska Dacal Reis


segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

NOMENCLATURA


Que nome mesmo posso dar a isso,

Qual é a forma?

Qual é a cor?

Não arrisco na nomenclatura,

Seja o que for!

Que brilho é esse que prende os meus olhos?

Que agonia é essa e de onde vem?

Não arrisco na nomenclatura!

E ainda que soubesse,

Não diria a ninguém!

Que voz é essa que me deixa louca

E cala a minha boca,

Nome, sobrenome!

Que coisa mesmo é essa,

Que me tira o eixo,

Que me tira o sono,

Que me tira a fome!

Se alguém ai souber mais sobre o assunto,

Faça-me o favor, de ‘desassuntar’!

Pois desconfio que a tal nomenclatura,

Selvagem e pura, quer me devorar!


Waleska Dacal



"A paixão é um grande laço, um passo pr’uma armadilha”...

(Djavan)

sábado, 10 de dezembro de 2011

ESTRADA


ENQUANTO PASSEIA O MUNDO,

LÁ FORA,

PENSO EM VOCÊ!

VONTADE DE NÃO SEI O QUÊ,

VONTADE DE PAGAR PRA VER!

ENQUANTO DESPERTO O FEL DA PALAVRA,

ESCREVO POESIAS,

CALO O QUE VEM DE DENTRO

E ESCREVO O QUE EU JÁ SABIA!

ENQUANTO NÃO ENTENDO O QUE ANDO SENTINDO,

COLOCO O PÉ NA ESTRADA,

POEIRA, PEDRAS, FOLHAS SECAS, VENTO,

VOCÊ NO PENSAMENTO

E MAIS NADA!

Waleska Dacal Reis

10/12/11

(...) "Antes que tudo se perca, enquanto ainda posso dizer sim, por favor, chegue mais perto”

(Caio Fernando Abreu)


IMAGEM DISPONÍVEL EM: redutodospensadores.blogspot.com


sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

LUMINESCÊNCIA

Diferente o olhar,

Os mesmos olhos!

Um brilho novo no lugar da inocência...

Um fogo estranho percorrendo todo o corpo,

Luminescência...

Palavras soltas, imaginadas ao pé do ouvido,

Perigo certo fazer parte desse jogo,

Palavras soltas escorrendo pela boca,

Aquecem o corpo!

O que foi dito, foi sentido

E não pensado!

Fica guardado nos tambores do ouvido

E o meu coração descendo só,

Ladeira abaixo,

Segue comigo!

Diferente o olhar,

Os mesmos olhos...

WALESKA DACAL

08-09/12/2011

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

DESAPROPRIAÇÃO

Perguntaram-me se eu não tinha medo de ficar sozinha,

respondi que não, que meu medo maior, na verdade, era de ficar sem mim,

por que comigo acontece, e eu não entendo muito bem,

algumas pessoas passam e de alguma forma vão me levando,

ignorando os meus sentimentos,

subscrevendo as coisas que falo,

tirando de mim o que é meu desespero ou meu contentamento,

numa desapropriação de tudo.

Vão levando assim a minha energia, a minha paciência,

a minha tolerância e o meu respeito,

vão acumulando minhas reticências,

e a superficialidade que dou ao meu olhar, algumas vezes!

Eu tenho medo é de ficar sem mim,

não que eu me baste, nem de todo me compreenda,

não que eu me limite às minhas tolas convicções, transitórias, irreais e burras.

Eu tenho medo de ficar sem mim,

e não poder insistir nessa busca por tudo aquilo que seja de verdade!


Waleska Dacal Reis

08.12.2011


"Eu quero a memória acesa depois da angústia apagada."

(Cecilia Meireles)


sábado, 3 de dezembro de 2011

CIDADE FANTASMA

Não, não fui eu não, eu apenas assisti a tudo pelo espelho,

Vi a ferrugem corroer os trilhos,

Vi a poeira apagar o caminho,

Vi o deserto consumir toda a água necessária para que houvesse o choro,

e não houve choro!

E nem mesmo ouviram-se vozes, nem ranger de dentes.

Mas, não fui eu! Eu estava aqui sentada,

ouvi quando ruiu a primeira e a segunda pilastra de sustentação,

Senti quando estremeceram - se as bases que foram construídas,

Mas permaneci imóvel, expectadora passiva,

Conformada até - eu pressentia que em algum momento aquilo tudo viria abaixo -

Mas não me lamentei!

Permaneci sentada olhando do espelho!

Não percebi os escombros, talvez pela distância,

Nem mesmo a poeira causou-me algum dano,

Não ouvi também nenhum barulho!

Nem mesmo quando a cidade fora sitiada

E a ordem aos sobreviventes era de que abandonassem as suas casas,

As suas crenças, ou qualquer outra garantia,

De segurança, de conforto, de fidelidade...

Mas, não fui eu não, eu só não desconfiei,

Nas vezes em que me vi perdida ali, a esmo,

Que aquelas placas cobertas de fuligem escondiam o mesmo aviso:

CIDADE FANTASMA!

Waleska Dacal

(03.12.2011)

...é que Dezembro trouxe-me, de volta, as palavras!