Vale um lamento, por fim, qualquer nota grave, um dissonante acorde qualquer, triste melodia, que me faça entender, entre tantas lembranças, a que melhor lhe descreve, num amontoado de sorrisos e gestos..
Vale medir, sem esforços, a distância real dos meus sonhos e o espaço que eles ocupam dentro da tua realidade, para que depois eu me submeta, ainda que com grande dificuldade, ao vazio que me cabe, povoado da tua lembrança,
Vale ressaltar, no entanto, que nos meus sonhos ainda sinto o seu cheiro, e o calor do seu abraço, que não sei de onde emergem, mas me alcançam e me povoam a alma, como se fossem um agasalho, uma colcha de retalhos todos iguais, num improviso impensado de um amor que já não cabe no pequeno espaço físico que o meu corpo ocupa, e que minha alma habita.
Devo dizer, sem reservas, que mesmo sem saber como, nem por que, eu te pertenço, ainda que desse pertencimento eu não te tenha deixado documento algum de posse, nem inventário, nem grandes certezas, em meio ao meu vagar silencioso e arredio.
Que te fique, ao menos, a impressão desse tanto que eu lhe quis e ainda quero, apesar de não trilhar caminho algum que te alcance, apesar de virar a esquina e mudar de calçada, se preciso for, tantas vezes nos caibam, só para que você não consiga enxergar nos meus olhos que esse amor que me fez ser tua, é de verdade.
Waleska Dacal
13.09.10
“p.s.: Te escrevo, enfim, me ocorre agora, porque nem você nem eu somos descartáveis. E amanhã tem sol.”
(Caio Fernando Abreu)
P.P.S.: às vezes nem eu aguento as coisas que escrevo!
(Waleska Dacal Reis)
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
Assinar:
Postagens (Atom)