Não restou poesia nenhuma,
E eu acho melhor que assim seja,
Por que acontece, de repente,
de eu querer me entregar a velha nostalgia,
e entrar numas de encher a cara de gim,
escutar Nina Simone,
ler Florbela Espanca, ou os amiguinhos dela,
todos já no além, e que Deus os tenham!
Não posso, no entanto, falar o mesmo sobre a saudade,
Essa ficou e ainda insiste, em cada silêncio que guardo,
Em cada lembrança que resiste nossa, do seu sorriso para mim
E do meu bem querer por você, só por você!
Acaso você teve tempo de entender que vai ficar aqui
Por longo tempo?
Será que você entendeu que quem ama também diz adeus?
Coisas que eu não sei, e talvez seja melhor mesmo eu não saber,
Isso reforça o escudo que me impede de pensar
E me distancia dessa tristeza que me engessa,
E domina a minha praticidade,
Não tenho mais muito tempo para sofrer por amor,
A velocidade da vida tem exigido muito,
Da minha sanidade, da minha razão, pedindo um tanto de embrutecimento,
Que tento revestir, casualmente, de ternura
Através do meu jeito de acreditar e apostar nas coisas simples.
Se pudesse outra vez te encontrar, e falar, um pouco,
Acerca de qualquer coisa que pudesse ou que sempre vá lembrar nós dois,
Pediria a você que lembrasse sempre o primeiro abraço que você me deu,
depois da chuva,
E sentiu que o meu corpo todo estava tremendo,
mas que não era de frio,
Era pela estranheza de constatar com que certeza eu entregava a minha vida em suas mãos,
Sem nenhum medo,
Sem nenhum plano,
Sem qualquer dúvida, e com tantas incertezas,
Sem lembranças,
Sem sonhos,
sem armas!
Waleska Dacal
23.01.2011
“Homem feliz, mulher carente...a linda rosa perdeu pro cravo!”
(Maria Gadu)
"Todo carnaval tem seu fim!"
(Los Hermanos)