Relatório

Foi uma experiência triste como a sensação de perder a bagagem,
como organizar o funeral do melhor amigo,
como ver ruir a velha casa em que nascemos.
Foi de um sofrer tão profundo,
que sitiou tudo aquilo que encontrou pelo caminho:
a promessa das primeiras flores,
as borboletas que não romperam os seus casulos,
os planos mudos, não compartilhados,
mais por incerteza que por falta de reciprocidade,
embora, talvez, o que fora recíproco tenha sido morno,pouco ou velado.
Foi de um ensinamento tão intenso,
que para dar conta dessa história, ainda precisa ser revisto e resignificado,
pois gerou questionamentos profundos, que permanecem sem respostas.
Mas, foi, pode-se dizer, muito válido, por que a dor que me ocupa o peito,
indiscriminadamente, data agora esse breve relatório, 
testemunhando, em poucas palavras,
que ainda estou viva!

Maceió, 22 de dezembro de 2017

Waleska Dacal Reis

...

REPITA-SE!SÓ NÃO PREENCHA A SUA INCERTEZA COM A CONFORMAÇÃO DAS COISAS QUE VOCÊ NÃO ENTENDE, POIS, MAIS VALE SE REPETIR

ASSUMINDO O QUE SENTE DIANTE DO MUNDO,

DO QUE SE CALAR SEM JAMAIS COMPREENDER O ESPAÇO EXATO ONDE COLOCAR-SE DE PÉ!! 

(Waleska Dacal Reis)

10.11.2017

Dicionário

Suspiro longo(...)

Silêncio imenso e uma banda de fanfarra tocando aqui dentro: Uma marcha fúnebre.

Em que virada de esquina deixei o meu sorriso?

Ando acumulando palavras com novos significados, 

todos incompreensíveis, sem revisão ortográfica e que desconheço,

nesses termos, qualquer revisão literária e nem sei dizer,

em que idioma foram escritas.

Seguem impressas dentro de mim, feito um dicionário de milhões de palavras mudas.

Suspiro longo(...)

Uma voz amiga, vez por outra,

interrompe esse monólogo que se estende aqui dentro, 

silenciosamente, e ritmado pelo passar das horas que, 

nem sei porque, correm lentas.

Suspiro longo(...)

Olhos tristes,

mãos que escrevem rápidas, tão mais que o que consigo pensar...

Suspiro longo(...)

e passo mentalmente as folhas desse dicionário, tão específico,

de significações sobre o seu nome!

Waleska Dacal

24.08.2017

"Eu perco o chão, eu não acho as palavras"...

(Adriana Calcanhoto)