Vale mais a minha ausência que a minha presença,
O meu silêncio, mais que qualquer palavra que já tenha dito,
A minha inação, a minha imobilidade,
A ausência total de qualquer gesto.
Vale mais o meu fechar de olhos,
De ouvidos,
A minha recusa por qualquer manifestação gratuita de afeto seu,
Tão escasso,
Tão raro, e que assim, repentinamente, tentas trasbordar numa explosão de sentimentos
Reprimidos, engavetados, e que, por favor, eu já nem quero ouvir.
Vale, por fim, o meu distanciamento,
Um improviso qualquer de um esquecimento profundo,
Que venho ensaiando repetidas vezes,
Sem nenhum domínio, nem certeza,
A espera de te libertar desse cárcere privado, lá dentro de mim,
Onde te prendi, sem que nada tenhas feito.
Vale mais esperar o julgamento do tempo,
Sobre as minhas próprias escolhas,
Esperar que ele vasculhe de vez meus sentimentos,
Escute todas as vozes, e atue como o juiz severo e justo
Que espero que ele realmente seja,
Quem sabe, com sorte, ele me isente dessa pena, desse padecer
Constante, que é ter que despertar todos os dias e ver que você ainda
Continua dentro de mim,
E por mais que eu abra portas e janelas, no mais sublime dos meus esforços,
Ter a constatação cruel de que você- como se estivesse num presídio de segurança máxima- não passa,
Não passa,
Não passa!
Waleska Dacal
20.12.08
domingo, 21 de dezembro de 2008
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