terça-feira, 30 de setembro de 2008

Último segundo

Faltou poesia, faltou!
Faltou o fato, aquele que arrancaria de mim a palavra certa,
em pequenas doses, diria até homeopáticas,
curando as lacunas que deixei aqui dentro.
Faltou um indício qualquer daquela esquina onde deixei escondidos o meu tormento, a minha sofreguidão e aquela angústia,
que só sente quem perdeu o último segundo, do último minuto, deixando para atrás sonhos e divagações, malas e esperanças.
Faltou também alegria,
mas não sobrou tristeza,
caso contrário eu teria encontrado a poesia por entre as coisas tristes,
mas o espaço ocioso que tento descrever agora,
se despreende,
se amplifica por si só, como a projeção da sombra,
para além de meus limites físicos.
E faltou também deixar escrito qualquer coisa,
uma linha qualquer que me fizesse entender no futuro
que apesar de...ainda se vive
que apesar de... e apesar de... aos poucos a poesia vai se reinventando,
meio que de improviso,
mesmo sem muita certeza,
e foi justamente por isso que deixei escapar, assim, essas palavras,
que no futuro irei ler, quem sabe?
com o meu melhor sorriso!


(...)Procuro, procuro e me espanto: dentre os destroços muita coisa já não encontro,
mas, é incrível como não perdi a esperança!


Waleska Dacal


"No dia em que eu fui mais feliz, eu vi um avião"...
(Adriana Calcanhoto)

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

A banda

Quando o inverno chegou eu senti frio,
fiquei triste,
como um cão que perdeu seu dono,
seu osso,
seu rabo.
Quando o corpo passou, eu vesti luto,
fiz silêncio,
greve de fome e não tive fome,
nem medo.
Quando o vendaval passou levando casas,
destruiu sonhos,
alguns não dormidos, por falta de sono.
Quando a dor passou eu abri os olhos,
não havia mais chuva,
e apesar das minhas roupas secas,
sobrava água por dentro.

(...)
resta-me agora escoar toda a água,
construir novos alicerces,
tirar o luto,
aquecer o corpo,
por que, quando a banda passar,
eu quero estar inteira, para, quem sabe,
ouvi-la cantando coisas de amor!

WDR

OURO DE VERDADE

DESCOBRI NA SEMANA PASSADA
QUE NAQUELA ESCADA FALTAVA UM DEGRAU,
QUE FALTAVA AQUELA PLACA QUE INDICAVA
O NOVO RUMO,
UMA NOVA DIREÇÃO,
MAS, AINDA ASSIM, TOMEI O RUMO CERTO,
ME CERQUEI SÓ DE MIM,
SEM NINGUÉM, SEM ESPREITAS,
SEM NENHUMA CULPA,
COM O PEITO ABERTO,
PARA O QUE VAI CHEGAR
DISSO QUE DEIXO PARTIR, ASSIM, SEM ME DESPEDIR!
E AOS POUCOS FOI ME DANDO UMA ALEGRIA,
UMA COISA NOVA,
A ENERGIA ERA OUTRA,
DANDO-ME A CERTEZA DO QUE ESTÁ POR VIR,
E SE EU ESCREVO AGORA SOBRE ESSA CERTEZA,
NASCIDA DO QUE HÁ DE PIOR NAS COISAS TRISTES-
TIPO AQUELA INDEFINIÇÃO,
AQUELA ESPERA QUE NÃO SE SABE NUNCA, AO CERTO,
SE ERA POR ALGUÉM OU ALGUMA COISA-
É POR QUE SEI QUE NO VAGAR DA CORRENTEZA,
O RIO DESÁGUA AQUI...
DESÁGUA AQUI,
NO MAR SERENO DAS COISAS QUE SINTO!
POR QUE, NO FINAL DAS CONTAS, ÀS VEZES,
O LUGAR COMUM QUE EMPURRA O RIO SEMPRE PARA O MAR
VIRA POESIA NO COTIDIANO DAS ILUSÕES PERDIDAS!
NÃO QUERO NÃO, A PLACA QUE NORTEIA O PRÓXIMO CAMINHO,
MAS POR FAVOR,
SE ALGUÉM SOUBER POR ONDE ANDA
AQUELE DEGRAU QUE ME FAZIA ENXERGAR
O QUE HAVIA DE MELHOR NO QUE EU SENTIA,
PEÇO QUE ME AVISE!
É QUE EU TENHO MEDO DE PERDER,
PARA SEMPRE, DE VISTA
TUDO AQUILO QUE GUARDEI
NO BAÚ ENVELHECIDO DA MINHA LEMBRANÇA,
COM O MAIS PURO VALOR,
COMO OURO DE VERDADE!

(Waleska Dacal Reis)

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Colcha de retalho...

"Portanto, minha amiga Waleska...
lembre sempre, bem lembrado
para poder esquecer o que já foi esquecido!"
(João Dionísio)
Faço minhas as palavras do João e inicio Setembro a espera de flores, que venha, então, a primavera!