domingo, 12 de outubro de 2008

Amálgama


Formou-se de outra matéria que não a minha,
pedra dura,
mas em sigilo temperas com sofreguidão
a amálgama do teu sorriso, com gestos polidos
silêncios rudes,
e desse cabimento, misturas o concreto
e a argamassa que te faz parecer comigo,
no divagar dos meus sonhos
e dos meus ressentimentos.
Insistes, assim, em inventar antigas vozes,
que te despertam do porão bolorento
das tuas lembranças,
e ensaias novos rumos, no vão sem destino,
dos teus passos,
enquanto eu, só, tento me acostumar com o teu silêncio,
por vezes, penso até que estou me moldando,
a escassez dos teus gestos, do teu buscar por mim.
E assim, apesar das matérias distintas que vão nos formando,
eu sigo, a cada dia na minha natureza de rocha,
que vai sendo modelada com o tempo,
enquanto que você vai misturando, ao sal das lágrimas,
o cimento que esperas que vá te fortalecendo,
evidenciando, ainda mais, a nossa distinta semelhança.


Waleska Dacal Reis

"Eu pertenço a raça da Pedra Dura!" (João Bosco)

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