Meu amigo cumprimentou o jornaleiro amavelmente, mas, como retorno, recebeu um tratamento rude e grosseiro.
Pegando o jornal que foi atirado em sua direção, meu amigo sorriu atenciosamente e desejou ao jornaleiro um bom dia de semana.
Quando nós dois amigos descíamos pela rua, perguntei:
-Ele sempre lhe trata com tanta grosseria?
- Sim, infelizmente é sempre assim.
-e você é sempre tão atencioso e amável com ele?
-Sim, sempre sou.
-Por que você é tão educado, já que ele é tão rude com você?
-Por que não quero que ele decida como eu devo agir.
Nós somos nossos 'próprios donos'. Não devemos nos curvar diante de qualquer vento que sopra, nem estar a mercê do mau humor, da mesquinharia,
da impaciência e da raiva dos outros.
Não são os ambientes que nos transformam e sim nós que transformamos os ambientes."
(Desconheço o autor)
Eu estava me preparando para estudar, tentar atualizar uma série de assuntos acumulados, devido a algumas semanas de fadiga, gripe e cansaço, quando encontrei um velho papel, onde despretensiosamente pude ler a mensagem que postei antes de iniciar esse texto. Sinto não conhecer o autor, talvez depois me detenha alguns minutos vasculhando a internet, atrás de algum indício de quem tenha sido tão feliz ao escrevê-lo. Mas, faço isso depois, agora quero apenas aproveitar o sentimento que me invadiu depois que pude lê-lo, num voto de solidariedade.
As pessoas andam tão ensimesmadas ultimamente, que é quase uma profissão de fé conseguirmos nos manter fortalecidos diante do potencial de agressividade que delas emanam, não falo somente da agressividade declarada e expansiva externada por gestos rudes, palavras ásperas, ofensas diretas, falo de um tipo de agressividade pior e muito mais perversa , que se trata da agressividade velada, sutil, dissimulada, escondida atrás de palavras doces, sorrisos aparentemente amistosos, mas, limitados, de alegrias polidas, contidas, ensaiadas.
Falo da agressividade do olhar meramente humano, e não com o coração, que alcança coisas que quase ninguém consegue ver, ou melhor, se permite ver.
Falo da agressividade que é não parar para escutar o que o outro tem realmente a dizer, e mesmo assim, permanecer longos minutos, ensaiando um sorriso e assentindo com um gesto de cabeça, para parecer realmente que se está ouvindo.
Não sei se é por força de um sistema tão bruto que as pessoas tem se exilado em seus mundinhos, evitando aproximações e laços afetivos significativos, não sei se é mesmo por força da pressão e da selvageria do mundo contemporaneo, com suas tecnologias, que as pessoas tem se limitado a relações virtuais e estéreis, não sei se por medida de segurança ou medo de amar, as pessoas tem se dedicado a estudar estratégias de guerra, ao invés de se entregarem umas as outras em acolhedores abraços, mas, sei lá, só sei que hoje, ao reler o texto de abertura desse escrito, lembrei de um velho amigo de Faculdade que costumava dizer tinha lido a Arte da Guerra e que nas suas relações, fossem elas de que natureza fossem, sempre via no outro um inimigo em potencial. E não era por acaso, creio eu, que lhe faltava doçura, brilho, aquele viço mesmo que tem as pessoas que são realmente felizes. Hoje eu sinto,em não ter dito a ele, o que só ouvi recentemente de uma amiga, quando curiosamente falávamos sobre como é difícil conviver com pessoas que vivem ensaiando estratégias para se defender de relações significativas com os outros, e do quão estressante deve ser decorar os capítulos de um tratado milenar sobre táticas militares de guerra, não desmerecendo a obra, que até os dias atuais tem influenciado as competitivas relações de trabalho. Por bom humor, desprendimento ou galhardia mesmo, ouvi minha amiga repetir que o que falta a pessoas dissimuladas e estratégicas, ao invés da leitura de a Arte da Guerra, é ler Ame e Dê Vexame, e Sem Tesão não há solução (risos, risos e mais risos). E tenho dito!
(Waleska Dacal)
(...) É que amar não é pra qualquer um!
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