domingo, 21 de dezembro de 2014

Marés...


Acostumada a ver o mar pela janela,
eu me encantei com o sussurro do vento e o barulho das ondas,
melodia familiar como o som da sua risada, 
mas do lugar onde sempre estive, sem tocar os pés na areia, 
eu sentia o cheiro que a maresia trazia e que eu decorei,
sem jamais desviar o olhar do mar.
Acompanhei cada maré, 
como quem partilha diálogos profundos, 
ora ruidosos, ora amenos, 
daqueles que alimentam nossas esperanças no que não é tangível, 
e aprendi, com as marés mortas,
que o mar ensaia seus próprios monólogos quando está em silêncio.
Não ousei atravessar a janela, 
prisioneira do meu olhar, 
essa vidraça que tantas vezes embaçou o meu espírito, 
não toquei os meus pés na areia, 
nem quando o sol esteve quente, nem quando a lua refletiu nas águas, 
apenas abri a janela, num convite sincero de que o mar entrasse, 
talvez lentamente, quem sabe, numa tormenta, 
até o dia em que percebi, naquela contemplação, que eu mesma era o mar, 
entre marés tantas e sai da janela, 
por que eu entendi que bonito mesmo é quando o mar recua.


Waleska Dacal Reis
19.12.2014

"Mesmo que eu mande em garrafas mensagens por todo o mar, meu coração tropical partirá esse gelo e irá"... 
(João Bosco)

Imagem: Maragogi-Alagoas.
Essa foto de Grand Oca Maragogi Resort é cortesia do TripAdvisor, disponível em:
http://www.tripadvisor.com.br

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