domingo, 29 de junho de 2008

Torneira

Deixa escapolir qualquer palavra,
do véu transparente do silêncio,
Deixa que o desejo se declare,
cada coisa a seu tempo!
Deixa que o medo atrapalhe,
ensaiando fugas e outras saídas,
Deixa que a vida se revele
e mostre o que é vida!
Deixa qualquer coisa inacabada,
inexplicada e rota,
Deixa escondido a sete chaves,
qualquer desejo atrás da porta,
Deixa como a torneira, que pingando
um dia transborda,
Deixa, ensaiando, improvisando,
finja que não nota!
Deixa qualquer sonho bom
como aquela sujeirinha embaixo do tapete!
Deixa e espera que, com o tempo, tudo se ajeite!


...Só não diga depois, que não entendeu,
que não viveu, e que lamenta,
pois cada um sabe a dor que o governa
e quem não sabe esquecer, AO MENOS TENTA!

Waleska Dacal Reis

"Ah, Dinorah, Dinorah!!!"
(Ivan Lins)

quinta-feira, 26 de junho de 2008

ESTIAGEM!!!!



..."O que me mata é o cotidiano. Eu queria só exceções."(Clarice Lispector)


Folhas,
computadores,
o barulho do ar condicionado gelando a pequena sala(acho que ele precisa de manutenção!)
A voz do Renato Russo no som ambiente repetindo:

"muitos se perderam no caminho"...

e eu aqui, de volta a realidade,
às coisas cotidianas,
o ar-rarefeito da minha razão emancipada - quanta pretensão a minha, por falta de controle da razão, dizê-la emancipada!
Hoje, essa garoa caindo lá fora provocou um frio tão grande na minha alma, que senti falta
de alguma emoção,
algum sofrer,
algum querer demasiado,
alguém ou alguma coisa.
Mas, por hoje, certeza apenas de que tanto fez,
tanto faz!
Minha aquarela está desbotada,
já não tem o mesmo tom a minha poesia,
que agora se reune assim, esforçadamente, com frases cortadas.
Há quem ache que é estilo,
eu, digo que é estiagem!
Deu um trabalho imenso escoar toda essa água que tinha aqui dentro,
mas, já estou deserta novamente,
pronta para a próxima semeadura,
que, tenho esperanças, dará bons frutos...
(...)

escapolem dos meus dedos essas palavras,
não estou alegre,
nem triste,
apenas sinto frio e falta de algo que me aqueça...



Bom!Vou atrás de um café, meu vício dileto de todos os dias. Fui!

W.D.R
(25.06.08) numa manhã cinza de quarta-feira!





domingo, 8 de junho de 2008

Constatação!

Te amo, por que te amo, se não te amasse, ainda assim te amaria.
Te amo por que no meu silêncio é tua voz que escuto a pronunciar, demoradamente, o meu nome.
Te amo porque na imensidão das coisas, tudo diz teu nome e te faz presente.
E por que, como se não bastasse, tudo se aproxima de ti enquanto te distancias.
Te amo pela sofreguidão que causas, pelas coisas que anuncias.
Te amo pelo teu apreço e pelo teu semblante, irmão do meu!
Te amo, pelo que não dizes e por que se o disseres, te amarei mais ainda.
E te amo até pelo teu medo, ao descobrir que eu ainda te pertenço.
Te amo, mais que amei outrora, mais que amarei um dia, mais que ainda amo.
Te amo e se tu não sabes é por que não digo, não deves saber!
Te amo por que, no silêncio, é a tua alma que procura a minha.

Te amo, não mais que te amo, por que sei que assim é que deve ser!!!!

WDR

...agora durma com uma zoada dessa!!!

domingo, 1 de junho de 2008

A MOÇA...

ele ama adorar a moça
e a moça não é a moça
é adorar a moça

um pedestal que se põe dentro de casa
a imagem resplandecente
da moça que não é a moça

amar, além, a moça

(MS calango)