Não vou sair,
pra não ter que depois entrar.
Não, não vou dizer nada.
Porque o silêncio fecunda em si os mais sábios pensamentos.
Perdeste o tempo de sorrir,
aquele segundo e meio a que tudo influenciaria.
Não precisa me dizer nada,
não, não diga nada,
eu já entendi.
Folheio em mim,
em minhas linhas não escritas,
páginas em branco:
vejo, sua partida deixou um vago tão significativo
que é como se tudo ao redor
traumatizado, cauterizado
nem mais nada sentisse.
Percorro o que sobrou
do que não foi dito,
rejunto as pontas do pano
e faço uma trouxa
essa, abandono no quarto vazio pintado de branco
(a cama, os móveis, também levaste?
E por que deixaste intactas minhas lembranças?
Por que ainda sinto teu cabelo molhado roçando meu rosto?)
Apague as luzes.
Já estou só,
ficar no escuro me é indiferente agora.
(Alysson Santos)
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