terça-feira, 22 de julho de 2008

Arca Encantada

"Quem me dera encontrar o verso puro, O verso altivo e forte, estranho e duro, Que dissesse a chorar isto que sinto!".

Refletiu-se em mim,
tenho certeza!
pela transparência das coisas que
em mim se anunciam,
e que só eu antevejo,
até depois, não muito depois,
quando já se tornou público e notório
no meu andar cabisbaixo!
Refletidamente,
no meu silêncio ressentido,
e nas mil e uma teorias
que provavelmente me deixarão atônita,
mil e uma noites,
e mais mil e uma noites!
Refletiu-se em mim como arca encantada
butija enterrada, repleta de ouro,
reluzente!
Tão claramente como coisa que não existe,
a não ser em conto de fadas!
Mas, se pôde ser visto, assim, em mim,
foi por que eu mesma desejei que assim
o fosse!

Não me cabem, pois, lamentações,
vociferações,
pragas,
sortilégios,
prévios julgamentos, nem a posteriori!
constatações ou maledicências!
Que me reste, apenas, uma lição disso tudo:
a de que nem sempre os clarins soam
anunciando uma nova aurora,
mas, todo coração que se preze
deve saber de cor o toque de retirada!

Waleska Dacal Reis


(...)"E ser, depois de vir do coração, o pó, o nada, o sonho dum momento!…São assim ocos, rudes, os meus versos..." (Florbela D'Alma da Conceição Espanca).

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