domingo, 13 de julho de 2008

Mercúrio cromo

Deve passar bem rápido, se você deixar que assim o seja,

mas, para que isso aconteça, não será mais permitido que você conte as horas,

a ausência agora deverá ser contada não pelos dias, nem pelos silêncios,

mas pelas vontades todas, de partida e de chegada.

Nesse intermédio, é importante que sare qualquer arranhão novo ou antigo,

e em seguida se rasguem todas as fotografias que, porventura, ainda resistam amarelecidas pelo tempo, não dos momentos felizes, não isso não, mas das cicratizes que sobreviveram a esses machucados todos, e que se jogue fora o mercúrio cromo

e todas as outras coisas que não mais existem, e que fingem não doer, mas doem!

Em contrapartida, é necessário também não caminhar contra o vento, pra quê medir forças com quem está vencendo?

Mais sábio mesmo é esperar pelo tempo que inevitavelmente chegará a trem ou a cavalo, implacável.

Como não podia deixar de ser também,

é importante aprender novas canções, ler outros escritores, se abrir pra qualquer possibilidade de encontro com o novo, que assim como o tempo, nunca deixa de chegar!

É isso mesmo, nada de velhas canções tatuadas na lembrança, nada de cheiros e sabores que já se conhecem de cor, agora é desocupar as gavetas da memória e apostar no futuro, que, por hora, até pode parecer inacessível.

Uma última coisa, é preciso antes de tudo que você acredite nisso tudo, como palavras repetidas ao espelho e que ecoam no mais intimo de você, como num livro qualquer de auto-ajuda, grifado página por página, nas coincidências, evidências e sincronicidades que sempre é possível encontrar com a dor de um outro alguém,

agora, vê se preciso repetir isso tudo?

você anda tão calado ultimamente,

(...)

velho,

cansado,

e descrente!

Estamos entendidos?

Quer saber, coração burro?

Desculpe, mas cansei de ouvir você!



WDR

Nenhum comentário: