sábado, 31 de maio de 2008

Arroz de festa!

Ando numa daquelas fases minhas de reflexão profunda, tenho lembrado muito da minha mãe também, das palavras insistentemente repetidas pela experiência de vida dela, e pelos relatos ouvidos de outras experiências tantas!
Tenho avaliado, silenciosamente, as atitudes de pessoas que me são caras, não na tentativa de julgá-las, ou sentenciá-las, mas para oferecer a minha bússola interior um novo sentido de orientação, e quem sabe assim silenciar as vozes internas que me infernizam pedindo que eu não seja tão crente, tão aberta, tão verborrágica em relação as coisas que sinto. Então, tenho dedicado boa parte do meu tempo, que já é tão curto, a silenciar essas vozes.
Gosto de escutar meus amigos, sempre aprendo muito com as vivências deles e por dias seguidos não me sai da cabeça a voz do João me dizendo que os amigos, amigos mesmo, que ele têm hoje, ele chega a contar numa única mão...
Tenho emudecido tanta coisa, diante da constatação de outras tantas, mas talvez pelo cansaço experimentado com a própria vida, ou pela minha limitada paciência, só sei que não estou mais disposta a perder meu tempo com amizade arroz de festa, digo, aquele tipo de amigo que só serve para as ocasiões figurativas, os bons momentos, ou outras situações sem muita importância.
Quero amigos que confiem em mim além do meu riso bobo e quase constante, além das besteiras que eu falo quando estou com o meu humor em alta, quero amigos que confiem em mim e dividam comigo suas alegrias na certeza de que o meu coração irá vibrar com eles, sem o receio de que eu possa sentir inveja da sua felicidade, ou ainda que confiem em mim pra desabafar as suas dores na certeza de que eu também ficarei triste, verdadeiramente triste!
Quero amigos que amem o amor que eu sinto por acreditarem que esse amor me é importante, ainda que achem que eu poderia encontrar algo melhor, mas que não roubem a minha esperança, nem o meu sonho, nem o direito que eu tenho de descobrir sozinha, se estou ou não enganada acerca desse amor, e que depois possam me acalentar quando a pancada for muito grande, pelo simples fato de ficar ao meu lado, e não me digam em hipótese alguma: "eu não disse?" mas seja enfático em repetir: "Vai passar, estou aqui!!!"
Ouvi algo semelhante recentemente do João: ao falarmos sobre essas coisas do coração, e dividindo com ele as minhas inquietações os meus sentimentos, ele disse:
"Waleska, eu não concordo, mas se você acredita nisso, viva!Se você se machucar eu estarei aqui pra lhe dar colo e lhe ouvir!"
Quero amigos que lembrem de mim ao ver o sol nascer, ao ver o sol se pôr, e digam a si mesmos: "Waleska adoraria ver isso!"
Quero amigos que acreditem, realmente, que sou amiga e que podem contar comigo sem reservas e que jamais precisem me procurar pra saber o que aconteceu quando eu resolver me afastar em silêncio, no mais absoluto silêncio, pois, se isso acontecer, eles têm que, pelo menos, me conhecer o suficiente para entender que eu percebi que a amizade que julguei verdadeira não passou de um engano...e ai, já não há mais nada a fazer!
Waleska Dacal
"Eu bato o portão sem fazer alarde, eu levo a carteira de identidade, uma saideira, muita saudade e a leve impressão de que já vou tarde!"

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